A Teoria U traz uma proposta de profunda transformação em diferentes âmbitos da vida, com um movimento que segue a letra “U” e prescinde do estado de Presença que figura entre as principais competências dos coaches.
Por si só, esse fato bastaria para torná-la uma ferramenta interessante de suporte ao nosso trabalho. Só que há muito mais. Como seria se essa competência fosse também desenvolvida nos clientes, ampliando sua percepção acerca da questão que o traz às sessões? O que aconteceria se ele pudesse não só fazer escolhas a partir de um novo modelo de atuação, mas também aplicar esse modelo a outras questões de sua vida? É esse modelo que a Teoria U traz ao Coaching, oferecendo uma rota segura e ao mesmo tempo profunda, para apoiar o processo de transformação de indivíduos, grupos e equipes.
Também chamada de metodologia de Presencing, não é um conhecimento teórico, mas vivencial e aprofundado a partir de experiências. O termo Presencing, que marca a rota representada pela letra U, foi cunhado a partir da junção de duas palavras em inglês: presence ou presença, designa a habilidade de agir no agora ou o momento presente; já sensing, ou sentimento, refere-se à qualidade de sentir as possibilidades que emergem a cada instante.
É o Presencing que impulsiona à ação a partir da fonte interior individual ou saber interior, capaz de originar ações transformadoras e mais efetivas no cenário de tantas incertezas e desafios que se vive hoje. “Quem é você?” e “Por que está aqui?” são perguntas-chave nesse movimento que levam a uma percepção mais ampla da realidade. Somente quando percebe o campo onde ele próprio e a questão que o traz ao Coaching estão inseridos, o indivíduo pode agir de forma realmente transformadora.
Por isso, uma palavra que resume a Teoria U é observação, que conduz a um momento de reflexão e quietude (Presencing), seguido de ações de grande potencial inovador. O estágio onde o novo emerge, impulsionador da ação, acontece através do aprofundamento da escuta e da atenção, em etapas que começam com a suspensão dos padrões do passado, para observar com novos “olhares” e sentir a partir do campo.
Só assim, chega-se à base do U, ao momento do Presencing, onde sempre é necessário deixar algo para trás para seguir adiante acolhendo o que está por vir (futuro emergente). Na sequência, simbolizada pelo lado direito do U, cristaliza-se a visão e a intenção para iniciar a ação de forma imediata e experimental (prototipar). A sistematização do U partiu de uma pesquisa mundial com líderes e seus modelos de atuação.
“O que fazem” e “como fazem” foram as perguntas que, inicialmente, nortearam esse trabalho e conduziram-no à descoberta do que se pode chamar de uma terceira dimensão de atuação, mais profunda que inclui a fonte a partir da qual cada um atua. Não se trata mais, portanto, de questões a cerca do que cada um faz, mas sim a partir de onde (ou seja, o propósito ou fonte geradora) cada um faz o que faz. Essa fonte constitui-se num ponto cego, uma vez que só pode ser acessado através de um novo olhar que perpassa a ampliação da consciência individual.
A Teoria U tem, então, a pretensão de revelar esse ponto cego e torná-lo acessível não só aos indivíduos, mas também aos diferentes grupos sociais. Assim, pode-se atuar em maior sintonia com a acelerada dinâmica social, saindo do estado de “ausência” experimentado atualmente, origem da insatisfação dominante em todos os meios sociais.
Em coaching, costumamos observar os pontos de descarrilamento, e a Teoria U não deixa de apresentá-los a nós. O que poderia impedir esse movimento de transformação rumo ao estado almejado? Inicialmente, a voz do julgamento, que impede a abertura da mente imprescindível à aquisição de novos olhares.
Num segundo momento, a voz do ceticismo ou da desconfiança, que obstrui a abertura emocional necessária para se sentir o campo (coração aberto). E, num nível mais profundo, a voz do medo, que bloqueia o Presencing e a conexão à fonte (vontade aberta). Resumidamente, esse é o mapa que a Teoria U oferece aos que buscam transformar a si mesmos e ao Mundo. Boa viagem!
Mônica Alvarenga, ACC
monica@monicaalvarenga.com