No primeiro ano de minha prática de coaching, comecei a observar um fenômeno interessante com aqueles com quem trabalhava. Qualquer que fosse o problema que eu estivesse enfrentado – confiança, gerenciamento de tempo, mantendo conversas difíceis – coincidentemente o tema aparecia nas conversas de coaching como problemas que meus clientes estavam enfrentando. É possível argumentar que esses são temas comuns. Os temas em si não eram a parte fascinante, mas sim o momento do alinhamento dos tópicos. Com diferença de dias ou no mesmo dia, em que eu estava trabalhando em um problema, ele apareceria em uma conversa de coaching que eu conduzia. Durante a conversa, uma pergunta que eu fazia ao meu cliente ficava na minha cabeça como uma pergunta que poderia me ajudar a resolver minha própria situação.
No começo, comecei a rabiscar as perguntas nas margens da minha página de anotações para usá-las depois na minha reflexão. Porém, na minha tentativa de permanecer presente para meu cliente achei difícil capturar notas para meu próprio aprendizado. Comecei a programar um tempo imediatamente após cada conversa de coaching para capturar e refletir sobre algumas dessas perguntas que surgiram. Nos dias em que não havia um alinhamento acidental de tópicos, usei o tempo para refletir sobre como poderia usar de maneira mais eficaz e intencional esse tempo programado para pós-coaching.
Com essa curiosidade, me vi voltando à minha primeira incursão no coaching, onde meu aprendizado e desenvolvimento contínuos eram constantemente lembrados. Muitos de nós deve lembrar a primeira fase de nosso coaching: passar por um programa de coaching, agendar o máximo de prática possível, trabalhar com mentores – todos com o objetivo diário de identificar nossas forças e áreas de crescimento. Comecei a pensar: como seria integrar essas práticas como parte do meu próprio desenvolvimento contínuo? O resultado foi um processo livre que combina essa prática de aprendiz e as ferramentas que eu uso como mentor coach; uma prática a que me refiro como meu ritual pós-coaching.
Uso o termo “processo livre” porque, para mim, semelhante às minhas conversas de coaching, não é um processo estático e linear. Ao mesmo tempo, meu ritual integra consistentemente os mesmos elementos.
- Foco no cliente. Seja enviando notas de acompanhamento, agendando a próxima reunião ou compartilhando alguns recursos relevantes, utilizo esse tempo para fazer uma lista de itens (e acompanhar frequentemente) essas coisas em serviço ao meu cliente.
- Reflexão pessoal. Este é o espaço que dedico a explorar os pensamentos e emoções que surgiram durante a conversa. Isso levou a insights pessoais mais informativos e muitas vezes mais surpreendentes, impulsionados pelas seguintes perguntas:
- Quais assuntos desencadearam uma reação emocional?
- Quais são as duas perguntas focadas no cliente que merecem mais reflexão pessoal?
- Que parte da conversa mais desafiou minha capacidade de permanecer presente?
- Quais são as duas coisas que aprendi com minha conversa com o cliente?
- Desenvolvimento pessoal. Aqui me concentrei nos meus pontos fortes e nas oportunidades de crescimento como coach. Esse espaço aprofundou minha apreciação pelo impacto que um mentor de coach teve no meu desenvolvimento. Novamente, o trabalho foi conduzido por perguntas.
- O que funcionou bem na conversa?
- Onde a conversa foi difícil? Em reflexão, o que poderia ter feito fluir mais facilmente?
- O que de crucial posso fazer como coach? O que deveria parar de fazer como coach?
- Que habilidade / competência foi subutilizada, e se introduzida, teria um impacto substancial no meu cliente?
- Plano de ação. É aqui onde a reflexão se transforma em ação tangível para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. Meu plano de ação está focado em identificar:
- Próximos passos baseados na reflexão
- Quais são os apoios que eu preciso seguir (incluindo trabalhar com meu próprio coach ou atualizar ou obter uma habilidade ou competência)
- Quais obstáculos podem atrapalhar
- O que será diferente se eu tiver êxito no meu plano de ação
Meu ritual me tornou mais consciente com o meu desenvolvimento pessoal. Se não puder sair da minha zona de conforto, desafiar minhas suposições, manter a mentalidade de aluno e me esforçar para melhorar meu jogo, como posso perguntar o mesmo aos meus clientes?
Publicado por Rosa Edinga, MBA, CEC, PCC no Blog da International Coaching Federation em 6 de janeiro de 2020
Traduzido por Isabella Brancher, PCC e revisado por Fernando Baganha, ACC
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