Aprendi coaching em uma escola virtual. No início, duvidei que fazer coaching à distância seria tão efetivo quanto estar com alguém pessoalmente. Logo percebi que estava errada. Na verdade, com frequência eu conseguia me sintonizar melhor com meus clientes virtualmente do que em interações presenciais.
O sucesso de minhas conversas virtuais não era baseado na minha habilidade de fazer boas perguntas. Logo entendi que minha efetividade dependia da rapidez com que eu conseguia gerar sentimentos de confiança e de segurança. Seja virtual ou presencialmente, as pessoas precisam se sentir psicologicamente seguras o suficiente para dizerem o que se passa em suas mentes. Elas devem sentir que não serão julgadas pelo que compartilham. Assim, confiam que sua intenção é ser útil, não para fazê-las acreditarem ou agirem das maneiras que você ou outras pessoas aprovariam.
Mesmo online, o campo relacional entre você e a pessoa com quem você está conversando é palpável e poderoso. Quando você nutre sentimentos de confiança e de segurança em outras pessoas, a necessidade de se proteger e se defender diminui, criando condições ótimas para exploração e mudança. A efetividade das conversas online depende mais da qualidade da sua presença do que das palavras cuidadosas que você escolhe.
Estas oito dicas vão ajudar você a estabelecer uma conexão segura e confiável quando estiver trabalhando a distância:
1) Questione suas ideias a respeito da possibilidade de conectar por meio da tela e do telefone
Muitos dos princípios de presença e inteligência emocional aplicam-se independentemente da plataforma de conversa. Para estabelecer uma conexão confortável, libere qualquer tensão em seu corpo, inspire as emoções que deseja sentir como “curiosidade e cuidado” e lembre de respeitar a pessoa com quem você está como capaz e plena de recursos.
2) Certifique-se de estar em um lugar confortável, quieto e visualmente agradável para conduzir sua conversa
Você deve estar livre de distrações, como toque de telefones, e-mail e acontecimentos externos. Se a pessoa puder ver o seu lugar de trabalho, certifique-se de que está arrumado. Seu espaço deve refletir sua imagem profissional. Verifique se há energia e velocidade de internet suficientes para a comunicação sem interrupções.
3) Desenvolva sua autoconsciência
Não importa o que aconteça, a energia que você projeta é vital para o sucesso da interação. Você precisa regular suas emoções e energia ao longo da conversa para manter sua presença e conexão. Não fique preso nas suas histórias ou confusões. Use uma atitude de empatia não-reativa para sustentar a atenção e a receptividade mantendo a firmeza e o equilíbrio.
4) Seja curioso sobre o estado da pessoa antes de iniciar a conversa
Investigue onde a pessoa está agora. Está pronta para a conversa ou distraída com seus projetos ou com acontecimentos da sua vida? Pergunte se o que acabou de acontecer ainda permanece em seus pensamentos e o que precisam fazer para que estejam presentes na conversa. Dê-lhes espaço para falar e tempo para recuperarem o foco se optarem por estar com você neste momento.
5) Faça declarações reflexivas para que as pessoas saibam que são ouvidas.
O uso de declarações reflexivas ajuda as pessoas a ordenarem seus pensamentos, assim como a se sentirem vistas, ouvidas e valorizadas quando ouvem você repetir suas palavras. Use o resumo e a paráfrase para refletir as palavras que você ouviu e as expressões emocionais que você percebeu. Comece suas frases com, “Então você está dizendo…, “Você ficou quieto (ou agitado) quando…”, ou “O que parece ser o mais importante para você é…”.
6) Pergunte sobre seus desafios, não sobre seus problemas
Você conseguirá mais interesse na conversa questionando as pessoas sobre quais desafios elas gostariam de superar, do que perguntando sobre os problemas com os quais estão lidando. A seguir pergunte a elas como seria se o desafio não existisse. Então, você pode seguir com o coaching para explorarem o que podem fazer para reduzirem ou para eliminarem seus desafios.
7) Ouça mais profundamente.
Cultive sua curiosidade. Pergunte sobre o significado das palavras que escolhem. Observe e compartilhe mudanças no tom de voz e nas expressões usadas para ajudá-las a descobrir o que não foi dito. Auxilie-as a examinarem a utilidade de suas crenças sobre a situação presente e suas suposições sobre o futuro. Isso as ajudará a escolherem seus próximos passos.
8) Esteja consciente das diferenças culturais.
Philippe Rosinski, diz em seu livro “Coaching Intercultural”, “A cultura abrange manifestações visíveis (comportamentos, linguagem, utensílios) e invisíveis (normas, valores, suposições ou crenças básicas). Conhecer o contexto em que as pessoas vivem ajudará você a se conectar com elas de forma segura e respeitosa.
Publicado por Marcia Reynolds, PsyD, MCC em 16 de abril de 2020
Traduzido por Fernando Baganha. Revisado por Liane Lanzoni
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